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O que é Big History?

Daniel Barreiros

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O termo Grande História – Big History – diz respeito a um conjunto de práticas de pesquisa acadêmica, de abordagens e de princípios epistemológicos, fundados na noção de consiliência, e voltados para o estudo da variação e da transformação no tempo. Objetiva, sobretudo, o estudo de processos históricos a partir da análise da interação entre fenômenos que se desenvolvem em diferentes escalas temporais, desde os eventos cotidianos e de curta duração, as dinâmicas conjunturais (econômicas, políticas, etc.), as estruturas seculares de longa duração (geo-história, mentalidades, ciclos sistêmicos), e processos evolucionários, geológicos e cosmológicos, ocorrendo em escalas temporais multimilenares, de milhões ou mesmo bilhões de anos.
 

O ofício do macrohistoriador enseja a necessidade de um “letramento transdisciplinar” que lhe permita ser capaz de transitar por teorias, conceitos, modelos e objetos originários de diferentes campos do conhecimento – das ciências humanas e sociais, das linguagens, da filosofia e das ciências da natureza –, e de buscar interseções inovadoras entre eles.


O norte programático oferecido pela noção de consiliência – a unidade do conhecimento humano – leva o macrohistoriador a buscar formas de superar o hiato entre as chamadas “duas culturas” – dos saberes sobre a “humanidade” e dos saberes sobre a “natureza”; reclama, assim, uma epistemologia renovada, que forneça instrumentos que permitam a compreensão das sociedades humanas em sua integralidade, na dialética entre seus aspectos mais contingenciais e o sua inserção nos regimes de organização da matéria e da energia no Universo.


A Big History aparece, então, como um “movimento”, mais do que como uma vertente de pesquisa radicada em um determinado campo disciplinar. Assim, não se trata apenas de uma iniciativa de pesquisadores do campo das Humanidades e ciências sociais, mas também de geólogos, físicos e biólogos sensíveis à “virada histórica” no campo das ciências naturais.


O problema da variação e da transformação no tempo é o nexo capaz de criar laços sólidos entre a Bioética, a História, a filosofia, a análise de sistemas-mundo, a antropologia, a biologia evolucionária e a cosmologia, entre outros saberes; e esses laços fornecem a oportunidade de perscrutar objetos de investigação que seriam de outro modo invisíveis.
 
 
Para saber mais:

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CHAISSON, Eric. The Natural Science Underlying Big History. The Scientific World Journal, v. 2014, Article ID 384912. http://dx.doi.org/10.1155/2014/384912

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CHRISTIAN, David. O que é a Grande História? Journal of Big History, v. 1, n. 1, p. 4-19, 2018. http://dx.doi.org/10.22339/jbh.v2i3.2330

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GUSTAFSON. Lowell. Science, the Deep Past, and the Political. Social Sciences, v. 6, n. 6, p. 196-208, 2017. http://doi.org/10.11648/j.ss.20170606.18

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SPIER, Fred. Big history: the emergence of a novel interdisciplinary approach. Interdisciplinary Science Reviews, v. 33, n. 2, p. 141-152, 2008.  http://doi.org/10.1179/030801808X259754

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